Capítulo 17 Dispositivos: Recomendações para período de permanência/troca

Os procedimentos executados pelos profissionais de enfermagem devem sempre ter respaldo em evidências científicas para garantir a segurança do paciente e dos próprios profissionais e ser realizado mediante a elaboração efetiva da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), prevista na Resolução COFEN 358/09.

17.1 Recomendações Gerais:

• Higienizar as mãos sempre antes e depois dos procedimentos.

• Registros - toda instalação e troca dos materiais da lista deverão ser registradas no prontuário do paciente, assim como os itens.

• Rotular data e período da troca no dispositivo, como equipos, curativos, entre outros.

• Inspecionar diariamente o local da inserção, verificando sinais flogísticos.

• É contra indicada a perfuração da bolsa frasco (frasco de infusão) semi-rígidos ou rígido com objetivo de permitir a entrada de ar.

• O sistema de infusão deve ser todo trocado na suspeita de infecção de corrente sanguínea ou bacteremia.

17.2 Recomendações para Catéteres

DISPOSITIVOS PERÍODO DE TROCA OBSERVAÇÃO

Cateter Totalmente Implantável (port-o-cath)

Agulha tipo hubber

Agulha – Trocar a cada 7 dias, ou antes, segundo avaliação do enfermeiro;

Agulha – Na administração de hemocomponentes ou nutrição parenteral a troca da agulha dar-se-á cada 24 horas.

Cateter: não há recomendação de troca programada.

Em caso de deslocamento, o enfermeiro não deverá reposicioná-la e sim retirada e realizada nova punção

Trocar o cateter, se:

1.Manifestações locais infecciosas (punção de secreção purulenta no reservatório)

2.Infecção com instabilidade hemodinâmica

3.Mau funcionamento

Curativo Cateter Totalmente Implantável (port-o-cath) Cobertura Transparente semipermeável a cada 7 dias Garantir estabilização da fixação evitando mobilização da agulha Huber
Acesso Periférico

Troca de cateter periférico em adultos em 96 horas quando confeccionado com poliuretano.

Nas situações em que o acesso periférico é limitado, a decisão de manter o cateter além das 96 horas depende da avaliação do cateter, da integridade da pele, da duração e do tipo da terapia prescrita e deve ser documentado nos registros do paciente.

Cateter periférico instalado em situação de emergência com comprometimento da técnica asséptica deve ser trocado tão logo quanto possível

Em pacientes neonatais e pediátricos não devem permanecer até completar a terapia intravenosa, a menos que indicado clinicamente (flebite ou infiltração)

Trocar cateter, se:

1. Manifestações locais infecciosas (punção de pus no reservatório)

2.Infecção com instabilidade hemodinâmica

3.Mau funcionamento

Curativo Acesso Periférico A cobertura não deve ser trocada em intervalos pré-estabelecidos

A cobertura deve ser trocada imediatamente, se houver suspeita de contaminação, e sempre quando úmida, solta, suja ou com a integridade comprometida, ou se apresentar sujidade ou sangramento.

Proteger o sítio de inserção com plástico durante o banho quando utilizada cobertura não impermeável.

Acesso Venoso Central de Curta Permanência Não realizar troca pré-programada de dispositivo, ou seja, não substituí-lo exclusivamente em virtude de tempo de sua permanência

Trocar o cateter, se:

1.Manifestações locais infecciosas (punção de pus no reservatório)

2.Infecção com instabilidade hemodinâmica

3.Mau funcionamento

Acesso Venoso Central de Curta Permanência Primeiro curativo deverá realizar troca da cobertura com gaze estéril nas primeiras 24 horas, ou antes, se estiver suja, solta ou úmida e para cobertura transparente semipermeável a cada 7 dias, ou antes, se suja, solta ou úmida.

Exceto em RN’s que devem ser trocados apenas se sujidade, umidade local ou soltura, e não com data pré-estabelecida, visto que o risco de deslocamento do CVC, no momento da troca é maior que o benefício de sua troca.

A cobertura com gaze estéril é preferível em pacientes com discrasias sanguíneas, sangramento local ou para aqueles com sudorese excessiva. Se escolha de cobertura for a gaze estéril, cobri-la durante o banho com plástico.

Cateter Semi-implantável (Permicath) Não realizar troca pré-programada de dispositivo, ou seja, não substituí-lo exclusivamente em virtude de tempo de sua permanência.

Trocar o cateter, se:

  1. Manifestações locais infecciosas (punção de pus no reservatório)

  2. Infecção com instabilidade hemodinâmica;

    Mau funcionamento

Curativo Cateter Semi-Implantável (Permicath) Realizar a troca da cobertura com gaze estéril a cada 48 horas, ou antes, se estiver suja, solta ou úmida e para cobertura transparente semipermeável a cada 7 dias, ou antes, se suja, solta ou úmida. Após cicatrização do óstio (em média 2 semanas) manter o sítio de inserção descoberto.
Cateter Umbilical

Remover em no máximo 5 dias ou em prazo inferior a este em caso de complicação mecânica.

Não reposicionar o cateter em caso de remoção acidental.

Não utilizar o mesmo sítio para inserção de um novo cateter.

Remover cateteres umbilicais assim que possível (quando não forem mais necessários).

Optar pelo cateter PICC, assim que houver as seguintes situações:

1. Manifestações locais infecciosas (punção de pus no reservatório)

2.Infecção com instabilidade hemodinâmica;

Mau funcionamento

Curativo Cateter Umbilical Trocar o curativo a cada 2 dias para gaze e para curativo transparente não limite de tempo para troca visto que o risco de deslocamento do CVC, no momento da troca é maior que o benefício de sua troca com tempo pré-estabelecido. Após sutura do cateter no coto umbilical, realizar fixação do dispositivo, utilizando a técnica da “ponte”.
Cateteres Central de Inserção Periférica – PICC Adulto / Pediatria / RN Tempo de permanência máxima do PICC não é conhecido, podendo ser utilizado por períodos prolongados.

Não deve ser substituído de forma pré-programada

Trocar o cateter, se:

1.Manifestações locais infecciosas (punção de pus no reservatório)

2.Infecção com instabilidade hemodinâmica; Mau funcionamento

Curativo Cateteres Central de Inserção Periférica – PICC Adulto / Pediatria / RN

Primeiro curativo deverá realizar com gaze estéril e mantê-lo por até 24 horas, ou antes, se estiver suja, solta ou úmida.

Após 24hs manter cobertura transparente semipermeável, e para esta não há data pré-estabelecida, mas sim se suja, solta ou úmida

Manter a cobertura com gaze estéril é preferível em pacientes com discrasias sanguíneas, sangramento local ou para aqueles com sudorese excessiva.

Os curativos transparentes devem ser trocados apenas se sujidade ou umidade local ou soltura do mesmo e não mais com data pré-estabelecida

Na troca da cobertura alertar para que não haja deslocamento do cateter.

A troca dos curativos devem ser realizados somente pelo enfermeiro.

Flebotomia Não realizar troca pré-programada do dispositivo, ou seja, não substituí-lo exclusivamente em virtude de tempo de sua permanência

Não há recomendação para uso dessa via de forma rotineira

A flebotomia na suspeita de contaminação, complicações, mau funcionamento ou descontinuidade da terapia deve ser retirado.

Curativo Flebotomia Primeiro curativo deverá realizar troca da cobertura com gaze estéril até 24 horas, ou antes, se estiver suja, solta ou úmida e para cobertura transparente semipermeável a cada 7 dias, ou antes, se suja, solta ou úmida

A cobertura com gaze estéril é preferível em pacientes com discrasias sanguíneas, sangramento local ou para aqueles com sudorese excessiva.

Na troca da cobertura alertar para que não haja deslocamento do cateter

Acesso Vascular para hemodiálise (fístulas arterio-venosas, enxerto arterio-venoso e implante de Permicath) Não há indicação de troca rotineira pré-programada do cateter Suspender a utilização na suspeita de contaminação, complicações, mau funcionamento ou descontinuidade da terapia
Curativo Acesso Vascular para hemodiálise (fístulas arterio-venosas, enxerto arterio-venoso e implante de Permicath) Trocar curativo a cada sessão (pacientes ambulatoriais), ou a cada 48 horas, ou antes, se suja, solta ou úmida. Realizar a troca da cobertura quando úmida, solta ou suja.
Hipodermóclise

Troca de inserção do cateter agulhado: 3 dias

Troca de inserção de cateter não agulhado: 5 dias

Troca de inserção do cateter tipo Íntima: 7 dias

Curativo com micropore ou esparadrapo: troca de sítio de punção a cada 3 dias

Sinais de irritação local e dor, atenção com sinais infecciosos. Em caso de repunção, selecionar sítio a pelo menos 5cm de distância.

17.3 Sistemas de Infusão

DISPOSITIVOS PERÍODO DE TROCA OBSERVAÇÃO
Frascos para infusão A troca do frasco deve respeitar o tempo de infusão e a estabilidade da solução ou do fármaco reconstituído.

O sistema de infusão deve ser trocado na suspeita ou confirmação de infecção

Identificar com data todos os dispositivos

Equipo para infusão intermitente Trocar a cada 24 horas
Equipo para infusão contínua Trocar a cada 96 horas
Equipo para sangue e hemo-componentes Proceder à troca a cada bolsa
Equipo nutrição parenteral e emulsões lipídicas A cada troca de frasco
Equipo de Bomba de Infusão As trocas dos equipos devem ser realizadas de acordo com a recomendação do fabricante. Anotar no prontuário a troca do mesmo.
Equipo para PVC (pressão venosa central) Troca a cada 72 horas Trocar a qualquer momento se houver refluxo sanguíneo, desconexão ou sinais de hiperemia no local da punção.
Conectores Trocar a cada 96 horas

Ou de acordo com a recomendação do fabricante

Trocar junto com o sistema

Dânulas e Extensores Trocar a cada 96 horas

A presença de coágulos requer a troca imediata

Trocar junto com o sistema

17.4 Curativos em feridas e Drenos

DISPOSITIVOS PERÍODO DE TROCA OBSERVAÇÃO
Sistema de drenos fechados (Torácico, Portovac) Devem ser mantidos ocluídos com bolsa estéril ou com gaze estéril por 24 horas, ou antes, se estiver suja, solta ou úmida e para cobertura transparente semipermeável a cada 7 dias, ou antes, se suja, solta ou úmida Antes de iniciar o curativo, inspecionar o local de inserção do dreno por meio de palpação
Sistemas de drenagem aberta (por exemplo, no tipo Penrose ou tubular) Devem ser mantidos ocluídos com bolsa estéril ou com gaze estéril por 24 horas, ou antes, se estiver suja, solta ou úmida e para cobertura transparente semipermeável a cada 7 dias, ou antes, se suja, solta ou úmida Após este período, a manutenção da bolsa estéril fica a critério médico.

17.5 Sistema Urinário

DISPOSITIVOS PERÍODO DE TROCA OBSERVAÇÃO
Sonda Vesical de Demora Em pacientes que fazem uso prolongado da SVD, não há um intervalo ideal preconizado para a troca (porém é recomendado a troca quando apresentar sinais de aderência a biofilme, fungos, sedimentos ou obstrução).

Trocar todo sistema quando ocorrer desconexão, quebra da técnica asséptica ou vazamento

Não é recomendado fechar previamente o cateter antes da sua remoção.

Sonda Vesical de Alívio Troca a cada passagem e retirar logo em seguida Usar técnica asséptica
Dispositivo urinário com intermediário (uripen) Diariamente ou sempre que necessário Recomenda-se que a troca seja realizada antes do banho, retirando o dispositivo com cuidado para evitar lesão por adesivo e colocar um novo após o banho

17.6 Sistema Respiratório

DISPOSITIVOS PERÍODO DE TROCA OBSERVAÇÃO

Sistema de drenagem torácica

1. Curativo

2. Frasco de Drenagem

3. Volume do soro fisiológico (selo d’agua)

1. Diariamente ou sempre que estiver apresentando sujidade, umidade local ou soltura do mesmo.

2. Não é necessária a troca do sistema de drenagem

3. Diariamente 24hs

Anotar a data da troca do curativo e quem realizou

A critério médico em casos de obstrução.

Utilizar técnica estéril

Filtro Bacteriológico Viral Trocar a cada 72 horas ou caso esteja visivelmente sujo ou se houver avaria mecânica ou sujeira visível Anotar a data da troca e quem realizou
Jarra umidificadora (panela) Trocar a cada 7 dias ou caso esteja visivelmente sujo ou se houver avaria mecânica ou sujeira visível Utilizar água estéril para reposição
Cânula traqueostomia metal

Cânula traqueostomia metal

Fixação – 24 horas ou caso de sujidade visível ou má aderência

Tubo Endotraqueal

Tubo – A critério medico

Fixação – 24 horas ou caso de sujidade visível ou má aderência

Respirômetros, sensores de oxigênio e outros dispositivos Troca e desinfecção a cada paciente
Sonda de Aspiração A cada uso

Traquéias, conexões, tubos de espaço morto.

Extensão de silicone do copo de nebulizador

CPAP – traqueias e prolongamentos

Encaminhar para CME para esterilização em Oxido de Etileno se não for de Silicone. Uso individual a cada paciente, trocas a critério da equipe assistente.
Extensão de Silicone para aspiração e o frasco de aspiração Trocar a cada 24 horas

Frasco: limpeza concorrente a cada plantão no expurgo da própria unidade, realizar limpeza com água e sabão e desinfecção com álcool 70% no expurgo da unidade enquanto estiver em uso

Após a alta/óbito do paciente encaminhar frasco ao CME para desinfecção em Acido Peracético

Extensão: desprezar a cada 24 horas

Sistema fechado de aspiração

Trocar a cada 7 dias ou trocar se houver sujidade ou mau funcionamento

Trach care 7 dias

Panela 7 dias

Filtro bacteriano 3 dias
Cateter de oxigênio extra-nasal (tipo óculos) e Extensão Não haverá troca programada no mesmo paciente

O cateter deverá ser protegido em embalagem plástica, junto ao leito do paciente

Caso haja sujidade aparente, trocar imediatamente

Extensão: desinfecção com álcool 70% a cada plantão

Máscara e copo medicação Após uso e/ou cada 6 horas de uso individual

Encaminhar para CME para desinfecção de nível intermediário com ácido peracético

Na unidade: aplicar álcool 70%

Umidificador (seco) Entre pacientes e a cada 24 horas
Máscara de Venturi + Traquéia + Prolongamento Se necessário, se sujidade, uso individual.

Encaminhar traqueia e prolongamento para CME para esterilização em Oxido de Etileno

Na unidade – desinfecção de baixo nível – água + sabão e aplicar álcool 70% e ou produto padronizado pela instituição

Encaminhar para CME para desinfecção de nível intermediário com ácido peracético

Na unidade – aplicar álcool 70% e ou produto padronizado pela instituição

Copo nebulizador 24 horas
Capacete, halo, tenda Se sujidade, uso individual
Umidificador (seco) A cada 24h, Trocar entre pacientes
Prolongamento de Silicone 24 horas
“Y” metálico 24 horas

17.7 Sistemas para Infusão Enteral

DISPOSITIVOS PERÍODO DE TROCA OBSERVAÇÃO
Seringas p/ limpeza de SNG ou Enteral A casa uso
Seringa de bomba para infusão de leite ou fórmulas lácteas A cada uso Na presença de sujidade, recomendamos a troca do dispositivo
Seringa comum para infusão por gravidade de leite ou formas lácteas A cada uso