Capítulo 2 Isolamentos e Precauções
A prevenção e o controle das infecções estão relacionados aos diferentes elementos compostos no elo da cadeia epidemiológica de transmissão. A cadeia epidemiológica organiza a sequência da interação entre o agente, o hospedeiro e o meio. Ela é composta por seis elementos, que devem estar presentes para que ocorra a infecção.
A forma de transmissão é o elemento mais importante na cadeia epidemiológica, uma vez que é o elo mais passível de quebra ou interrupção.
As medidas de precaução e isolamento visam interromper estes mecanismos de transmissão e prevenir infecções.
O uso de equipamentos de proteção individual, os EPIs (máscara, luvas, avental, óculos de proteção), a adesão à higienização das mãos e certas características específicas do ambiente onde se encontra o paciente, constituem os meios para atingir este objetivo. Algumas medidas gerais devem ser aplicadas a todos os pacientes, em todo o período de hospitalização, independente do diagnóstico ou estado infeccioso. Porém, pacientes infectados com microorganismos específicos devem ser colocados em precauções específicas segundo a forma de transmissão, ou seja, medidas de controle adicionais devem ser aplicadas para prevenir a transmissão destes patógenos.
Precauções padrão As Precauções Padrão (PP) representam um conjunto de medidas que devem ser aplicadas no atendimento de todos os pacientes hospitalizados, independente do seu estado infeccioso (presumível ou confirmado), e na manipulação de equipamentos e artigos contaminados ou sob suspeita de contaminação. As PP deverão ser utilizadas quando existir o risco de contato com: sangue; todos os líquidos corpóreos, secreções e excreções, com exceção do suor, sem considerar a presença ou não de sangue visível; pele com solução de continuidade (pele não íntegra) e mucosas.
2.1 Precauções de contato
Estas precauções visam prevenir a transmissão de microorganismos epidemiologicamente importantes a partir de pacientes infectados ou colonizados para outros pacientes, profissionais, visitantes, acompanhantes, por meio de contato direto (tocando o paciente e estabelecendo a transmissão pessoa por pessoas) ou indireto (ao tocar superfícies contaminadas próximas ao paciente ou por meio de artigo e equipamentos).
Obs. Preferencialmente o paciente deverá ficar em quarto individual, ou realizar a precaução por coorte, sempre manter pacientes em precaução por contato juntos para não haver risco de contaminação cruzada de pacientes. Esse paciente deverá possuir material individualizado (estetoscópio, termômetro, etc…). Sempre que este paciente for realizar um procedimento fora da unidade, avisar com antecedência que trata-se de um paciente em precaução de contato. O profissional que for realizar o transporte desse paciente deverá estar paramentado e ao termino realizar a desinfecção da cadeira de rodas com álcool 70%. As visitas devem ser restritas e orientadas em relação aos cuidados a estes pacientes.
- A ordem que correta para paramentação é a seguinte:
- vestir máscaras e óculos, 2. avental, 3. higienizar as mãos e por último 4. calçar luvas.
- Retirada correta de Equipamento de Proteção Individual (desparamentação):
Sequência indicada: 1. Luvas, 2. Óculos, 3. Máscara, 4. Avental.
2.1.1 Indicações
Unidades de Internação | Agentes Etiológicos |
---|---|
UTI Adulto, Enfermarias, UCI Ped | Enterobactérias Resistentes a Carbapenêmicos, Agentes não fermentadores resistentes a carbapenêmicos:Acinetobacter baumanii, Pseudomonas aeruginosa, S. maltophilia, Burkholderia cepacea Diarréia por Clostridium difficile, Colonizações por Enterococcus spp.resistente a vancomicina (VRE); Identificação de patógenos com novos mecanismos de resistência, não encontrados na microbiota da instituição. |
UTI Neonatal | Os mesmos acima, acrescentando-se ESBL (enterobactérias produtoras de beta-lactamases de espectro extendido) |
2.2 Precauções para gotículas
Estas precauções visam prevenir a transmissão de microorganismos por via respiratória por partículas maiores que 5 micra de pacientes com doença transmissível, geradas pela tosse, espirro e durante a fala. Essas gotículas (> 5 micra) podem se depositar a curta distância (1 a 1,5 m).
2.3 Precauções para aerossóis
São medidas adotadas para pacientes com suspeita ou diagnóstico de infecção transmitida por via aérea (partículas < 5 micra), que podem ficar suspensas no ar ou ressecadas no ambiente.
O ar deste quarto é considerado contaminado, as portas desta acomodação deverão permanecer fechadas. É obrigatório o uso de máscara tipo respirador (N95 ou PFF2). Colocar a máscara antes de entrar no quarto e retirar após fechar a porta (quando sair). Após o uso sempre acondicionar em saco plástico (preferencialmente o próprio do produto) com nome e identificação do profissional. A máscara é de uso individual e deverá ser trocada a cada 07 dias. Durante o transporte utilize máscara cirúrgica no paciente. Após liberação de pacientes dos leitos de isolamento por aerossóis, os mesmos devem ser deixados ociosos pelo período mínimo de 2h. Após este período deve ser realizada limpeza terminal para liberação do leito
2.4 Indicações de Coleta de Swabs de Vigilância
Unidades de Terapia Intensiva Adulto:
Pacientes procedentes de outras unidades de saúde com permanência superior à 48h, com ou sem dispositivos invasivos
Pacientes Institucionalizados (Casas de Repouso, Privados de Liberdade,etc.)
Pacientes Dialíicos procedentes de outras instituições
Unidades de Internação Pediátricas/Neonatal:
Pacientes procedentes de outras unidades de saúde com permanência superior à 48h, com ou sem procedimentos invasivos.
Contexto de suspeita de surtos de infecções nosocomiais, a critério do SCIH e equipe assistente.
2.5 Orientações para Admissão de Pacientes

2.6 Referências
Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar – APECIH. Precauções e isolamento. São Paulo; 2012.
Isolamentos e Precauções, ANVISA, Acesso em 04/04/2022 http://anvisa.gov.br/servicosaude/IIseminario_2008/precaucoesemservicosdesaude_eduardomedeiros.pdf
Siegel JD, Rhinehart E, Jackson M, Chiarello L, and The Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee, 2007 Guideline for Isolation Precautions: Preventing Transmission of Infectious Agents in Healthcare Settings, June 2007 https://www.cdc.gov/infectioncontrol/guidelines/isolation